Não acho que quem escreve deva explicar seu texto a alguém. Ao mesmo tempo, quando a maioria das pessoas não entende o texto, é um ótimo momento para calibrar as intenções.
Aprendi isso com o tempo, a calibrar minha escrita, minhas intenções, com as leituras que meus leitores fazem. Sem precisar refazer ou dizer isso a eles... Mas é um bom momento, quando a maioria não entender, para se certificar... Eu calibro um pouco minha escrita assim.
Ontem escrevi uma dica irônica em outra rede:
"Uma dica para escrever melhor:
seja uma pessoa melhor".
Uma pessoa comentou, e outra concordou com ela, que não é verdade. Que conhece muita gente ruim que escreve coisas geniais.
Eu não quero me explicar sobre o que escrevi. Muitas vezes, e quase sempre, alguns leitores vão ter que ser abandonados. Alguns leitores vão ficar para trás do texto. Nem todo mundo lê, ou quase ninguém tem um bom hábito de leitura. E algumas camadas, mesmo que em um texto sem maior pretensão, não vão ser acessadas por todos. Mas por quase ninguém.
O que eu quero dizer é: também há prazer nesse lugar. Para quem escreve, o prazer não está na clareza, mas em certa confusão que um texto pode provocar.
O que seria de Clarice sem a confusão? O que seria da poesia?
Também desfruto dessa escrita que eu sei que não é tão simples quanto parece, mas que também não tem muita pretensão além de testar os limites, as bordas, as reflexões. Eu quero o leitor confuso. Não quero a clareza que alguns leitores buscam.
Quero ter paz na confusão. E isso tem a ver com ser uma pessoa melhor. Uma pessoa menos certa, de mim, do meu texto, do outro. Isso eu estou tentando forte.
Ser uma pessoa melhor me ajuda a escrever melhor, sim.
#redação #escrita #dicadeescrita
Também concordo! Ser melhor é muito melhor para escrever melhor…