Toda vez que confiei menos nos meus desejos, me arrependi.

Já me arrependi de títulos de livros, projetos que não queria fazer, textos que seguiram mais a vontade dos leitores do que a minha.
Mas é pela experiência que a gente consolida os próprios desejos.
E para ser criativo, é preciso isso: experimentar e confiar no que se deseja.
O desejo não é uma palavra só excitante, mas com bagagem. O que o meu corpo quer tem a ver com o que o meu corpo sabe, viveu, memorizou. Tem a ver com as alegrias que o corpo sente ao realizar-se, ao seguir uma vontade própria que satisfaça, antes de tudo, a si mesmo.
Essa é só uma das ideias que podemos discutir sobre criatividade e trabalho autoral. Como ser mais criativa e autoral? Seguindo fortemente os desejos. Eles apontam algo mais especial. Isso tem a ver com fazer arte.
Fazer arte é um trabalho solitário por isso: pois é interno; atende demandas subjetivas e acontece de dentro para fora.
Não é só isso que nos torna mais criativos. Existem outras ideias que podem expandir nossa capacidade de criar, como confiar mais nos erros do que nos acertos.
Ou mais complexas como: confiar mais na 50ª ideia do que nas 5 primeiras exige comprometimento com processo, com trabalho e com formas diferentes de escrever. Mentes criativas são, muitas vezes, mentes insatisfeitas com as ideias fáceis. E é nessa persistência que nasce o novo.
Criatividade é um modo que se liga no corpo e não desliga mais. Não é, necessariamente, trabalhar mais. Mas estar mais ligado mesmo, mais atento, mais curioso, mais questionador.
São muitos os recursos que a gente pode desenvolver para transformar trabalhos “chatos” em processos mais criativos, interessantes, leves…
Criatividade não é sinônimo de exaustão. É um modo ativo que facilita a vida, abre caminhos, amplia as possibilidades de criar mais. Parece repetitivo o que estou dizendo, mas é uma investigação que, quanto mais se faz, mais se aprende.
Aprendi a criar mais ao prestar atenção nas pequenas histórias. Muita gente passa a vida esperando uma grande ideia que não vem, enquanto as melhores (menores) passam despercebidas. Me encanta nos autores e autoras que admiro uma obsessão por certos temas, explorados de formas diferentes em livros diferentes. Isso é criatividade: não esgotar logo um ideia; ou alargá-la, quanto mais puder.
Eu ainda não tenho um livro sobre gêmeos. Estou gastando outro tema nos meus romances, as relações paternas. Agora estou escrevendo um livro sobre as mulheres que sobraram de uma relação desgastada com um pai. E toda vez que penso nisso, no que eu ainda não escrevi e posso, com criatividade, explorar, me acalmo e me desespero. Porque ainda tenho muito a escrever, isso me acalma. E porque talvez não dê tempo de escrever tudo que ainda posso explorar, isso me desespera. Um desespero bom.
Estou explorando um pouco disso aqui nesta news, da criatividade, pra gente ver junto como a criatividade é um modo que se liga e não se desliga mais. Aprender a ligar esse modo, de ver e experimentar; de errar sem medo; é um caminho possível a todos. Cada um do seu modo.
Por isso, neste mês de julho, resolvi fazer uma pausa nos cursos de escrita tradicionais que tenho, de crônicas, poesias e outras prosas, para aprendermos a ligar o modo criativo de novo. No Workshop de Escrita Criativa, que acontece no fim de semana que vem, dia 12, sábado, vou compartilhar modos para desbloquear a mente e deixar as ideias fluírem mais. São técnicas que vamos experimentar para ampliar a capacidade de ver as coisas extraordinárias nas ordinárias. Uma reciclagem para voltarmos a nos divertir escrevendo.
Se estiver com desejo de participar dessa turma única no ano, reserve sua vaga pelo link no perfil. Das 9h às 12h do próximo sábado, uma manhã para desenvolvermos e sermos mais criativos
www.lucaoescritor.com
Nos vemos,
beijos,
Luca B.
Te ler me lembrou que o desejo costuma saber o caminho, que escutar o corpo e dar atenção às ideias pequenas tem feito sentido por aqui também. Criar, às vezes, é só ter coragem de ficar onde ainda não tem certeza. Obrigada por lembrar que criatividade tem mais a ver com escuta do que com esforço.